Boa parte da filmografia do diretor e roteirista finlandês Aki Kaurismäki tem como tema o deslocamento. Tanto no sentido de movimento como no de sentir-se fora de seu lugar. Em O Porto, acompanhamos a história de Marcel Marx (André Wilms), um escritor aposentado que se exilou, por vontade própria, na pequena cidade portuária de La Havre (título original do filme), na França. Ele agora vive como engraxate e não escreve mais. Sua rotina é dracônica e se resume a sair para trabalhar, almoçar no restaurante da esquina e cuidar da esposa Arletty (Kati Outinen). As coisas mudam drasticamente quando sua mulher adoece gravemente e, ao mesmo tempo, aparece em sua caminho o jovem imigrante africano Idrissa (Blondin Miguel). O cinema de Kaurismäki é peculiar pela maneira como ele filma suas personagens. Em alguns momentos temos a impressão que elas estão posando. No entanto, isso apenas reflete o caráter humanista da obra desse cineasta que começou carreira dirigindo documentários junto com seu irmão Mika. Diz a lenda que os dois são responsáveis por um quinto dos filmes produzidos na Finlândia desde 1980. O Porto é engraçado em alguns momentos, dramático em outros e mistura os gêneros de maneira simples e orgânica. Indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2011, ganhou o Prêmio do Júri Ecumênico.
O PORTO (La Havre – Finlândia/Alemanha/França 2011). Direção: Aki Kaurismäki. Elenco: André Wilms, Kati Outinen, Jean-Pierre Darroussin, Blondin Miguel, Elina Salo e Evelyne Didi. Duração: 93 minutos. Distribuição: Imovision.