O cineasta francês Sylvain Chomet estreou em longas com a animação As Bicicletas de Belleville, em 2003. O Mágico, de 2010, é seu segundo trabalho. Diferente do primeiro, que foi realizado a partir de uma história original sua, desta vez ele adaptou um roteiro inacabado escrito por Jacques Tati, diretor que fez bastante sucesso nos anos 1950 e 1960. Chomet mergulha no universo de Tati e também lhe presta uma bela homenagem. A começar pelo nome da personagem principal, Tatischeff, um artista em decadência que vê seus dias de glória serem roubados por astros do rock. Isso faz com que ele aceite qualquer trabalho que apareça, não importa onde seja. Sua vida sofre uma guinada quando ele conhece Alice, uma jovem escocesa que é sua fã. Chomet mantém seu estilo, não tão sombrio como em As Bicicletas de Belleville, mas, inteiramente fiel à sua visão de mundo. O filme procura contrapor as relações que se estabelecem entre o velho e o novo e tem uma forte carga nostálgico-saudosista. Além disso, tece algumas críticas sutis ao consumo desenfreado promovido pelo capitalismo. No entanto, sua força maior está no desenvolvimento das personagens de Tatischeff e Alice. Elas são a alma do filme e é através delas que Chomet nos conduz pelos caminhos e desvios de sua bela história.
O MÁGICO (L’illusionniste – França/Inglaterra 2010). Direção: Sylvain Chomet. Animação. Duração: 80 minutos. Distribuição: PlayArte.