Professor, poeta, romancista e cineasta, o italiano Pier Paolo Pasolini construiu uma obra singular. Ativista político e contestador nato, Pasolini aproveitava qualquer oportunidade para atacar o governo e a forte influência da Igreja Católica sobre o Estado italiano. Teorema, sua obra mais conhecida, que ele escreveu e dirigiu em 1968, é um ótimo exemplo dessa postura. O filme conta a história de uma rica família burguesa de Milão que é totalmente desestruturada após a chegada de um misterioso visitante, vivido pelo ator inglês Terence Stamp. Ele seduz todos os moradores da casa, cada um deles representando simbolicamente uma instituição da sociedade: a empregada, a mãe, o filho, a filha e o pai. O visitante provoca uma ruptura e termina por expor o vazio existencial daquele grupo de pessoas, imerso no comodismo e na futilidade de uma vida completamente alienada. Após a passagem do visitante, tudo muda. Nada fica como antes. Pasolini acreditava no poder transgressor e transformador da arte. Pasolini não deixou uma obra cinematográfica tão extensa assim. Seu primeiro longa, Accattone, é de 1961 e o último, Saló ou os 120 Dias de Sodoma, de 1975, ano em que foi brutalmente assassinado. Uma carreira breve, porém, contundente e que deixa um legado criativo e incontestável.
TEOREMA (Itália 1968). Direção: Pier Paolo Pasolini. Elenco: Terence Stamp, Silvana Mangano, Massimo Girotti, Laura Betti, Andrés José Cruz Soublette e Ninetto Davoli. Duração: 105 minutos. Distribuição: Versátil.