No Ocidente, se alguém falar em cinema japonês, a associação mais natural é com os filmes de Akira Kurosawa. Curiosamente, no Japão, o cineasta era considerado “ocidental” demais. Isso fez com que muitas de suas obras não obtivessem financiamento em seu país natal para serem produzidas. Foi o que aconteceu com Ran, de 1985. O roteiro, do próprio Kurosawa junto com Hideo Oguni e Masato Ide, é inspirado na peça Rei Lear, de William Shakespeare, um dos autores favoritos do cineasta. O que seus conterrâneos não percebiam, pelo menos em um primeiro momento, era que Kurosawa mesclava brilhantemente elementos das culturas ocidental e oriental. Em Ran, a história se passa no Japão feudal do século XVI. Tudo começa quando o Lord Hidetora (Tatsuya Nakadai) anuncia que pretende dividir suas terras em partes iguais entre seus filhos. Tem início então uma guerra insana dentro da família. Os épicos de Kurosawa são grandiosos e plasticamente impecáveis. Mas, não pense que se trata de mais um famoso “muita cobertura para pouco bolo”. O mais popular diretor japonês de todos os tempos sabia, como poucos, analisar com profundidade as emoções humanas. E sempre o fazia com muita beleza, eloquência e perfeição.
RAN (Japão/França 1985). Direção: Akira Kurosawa. Elenco: Tatsuya Nakadai, Akira Terao, Jinpachi Nezu, Daisuke Ryu, Mieko Harada, Yoshiko Miyazaki, Hisashi Igawa, Kazuo Katô e Masayuki Yui. Duração: 162 minutos. Distribuição: Obras-Primas do Cinema.
Uma resposta
RAN é extraordinário. Puro e simples: EXTRAORDINÁRIO!