“É preciso buscar, buscar sempre de novo, o caminho, o veio ao longo do qual deve mover-se a arte do cinema”. Com essa frase, o cineasta russo Andrei Tarkovski encerra uma declaração de amor à Sétima Arte na abertura de seu livro Esculpir o Tempo. O título não poderia ser mais apropriado e conseguir resumir bem a essência da obra desse grande diretor e roteirista. E Tarkovski era realmente um grande escultor. Depois de Solaris, dirigido em 1972, ele voltou ao gênero da ficção-científica em 1979, com Stalker. Baseado no romance Piknik na Obochine, escrito pelos irmãos Arkadiy e Boris Strugatskiy, autores também do roteiro, a trama gira em torno de uma zona misteriosa que surge em nosso planeta. Ninguém sabe ao certo como ela surgiu. O lugar é isolado pelo governo e apenas os stalkers conseguem escapar de suas armadilhas. Muitos acreditam que esta zona tem o poder de transformar os desejos em realidade. Um cientista e um escritor querem desvendar os mistérios que lá existem e contratam um stalker como guia. Não se trata de um filme convencional. Nada é comum em Tarkovski. Aqui ele filma seus atores sempre em plano fechados, utilizando todas as nuances de suas expressões faciais. A história tem também uma boa dose de suspense e, acreditem, não se trata de um filme “cabeça” e inacessível. Muitos o consideram a obra máxima do diretor. Nesse caso, estamos em uma seara subjetiva e perigosa. Principalmente por ser difícil apontar o ponto alto de um artista que só teve pontos altos em sua carreira.
STALKER (Rússia 1979). Direção: Andrei Tarkovski. Elenco: Aleksander Kaidanovski, Alisa Freindlikh, Anatoly Solonitzin, Nicolai Grinko, Natasha Abramova e Faime Jurno. Duração: 134 minutos. Distribuição: CPC-Umes Filmes.
Uma resposta
Eu diria: alugue Stalker numa locadora e reserve o Esculpir o Tempo na biblioteca mais próxima [foi lançado no Brasil pela Martins Fontes]. Ou melhor: compre os dois! Um dos melhores investimentos deste ano que se inicia.