Abbas Kiarostami é o nome mais importante do cinema iraniano. Dono de uma extensa e variada filmografia que passeia por diferentes histórias, culturas e idiomas. Ele consegue transgredir parâmetros impostos pelo governo de seu país e realizar uma obra que ultrapassa as fronteiras culturais, religiosas e geográficas do Irã. Gosto de Cereja, que ele escreveu, produziu, dirigiu e montou em 1997, conta a história de um homem, Badii (Homayoun Ershadi), que vagueia pelos arredores de Teerã, em busca de alguém que o enterre junto a uma cerejeira após sua morte. Kiarostami não explica os motivos de Badii, o que aumenta ainda mais nosso envolvimento com o dilema que ele enfrenta. Não há certeza aqui. Há muita cumplicidade de nossa parte gerada pelo simples fato de não sabermos a real motivação da personagem. E não posso esquecer de mencionar a bela fotografia, que tira proveito máximo da luz e de sua secura. Com muita sutileza, o filme lida com um grande tabu da sociedade muçulmana. O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad seguramente não viu este filme. Gosto de Cereja ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes de 1997.
GOSTO DE CEREJA (Ta’m e Ghilass – Irã/França 1997). Direção: Abbas Kiarostami. Elenco: Homayoun Ershadi, Afshin Bakhtiari, Abdolhossein Bagheri, Mir-Hossein Noori, Sefar-Ali Moradi, Farhad Keradmand e Pooya Pievar. Duração: 91 minutos. Distribuição: Cult Filmes.
Uma resposta
Obrigatório. Se gostamos de cinema, é obrigatório!