O marujo caolho que adora espinafre Popeye, criado por E.C. Segar, apareceu pela primeira vez em janeiro de 1929 em tira diária de jornal. Quatro anos depois virou uma série de curtas animados de muito sucesso. Ao longo das décadas seguintes muitas versões foram produzidas em quadrinhos e série de animação para cinema e televisão até que em 1980 ganhou sua primeira versão com atores. No caso, Popeye, dirigido por Robert Altman e tendo à frente do elenco Robin Williams no papel título-título junto com Shelley Duvall como Olívia Palito e Paul L. Smith interpretando Brutus, além dos outros moradores de Sweetheaven. Há no roteiro de Jules Feiffer, e isso é reforçado pela direção de arte e figurinos, a acertada decisão de fidelidade ao material original. Altman, um cineasta autoral por excelência, trabalha aqui com uma história aparentemente fora do padrão de sua filmografia. Mas é um equívoco pensar isso. Quem conhece os trabalhos do diretor sabe que ele costuma lidar com elenco numeroso e dar espaço para todos em cena. Não é diferente aqui. Temos também um forte teor humanista na forma como as personagens se comportam, o que ainda é reforçado pela canções que cantam ao longo do filme, já que Popeye é uma comédia romântico-musical. Não seria exagero algum dizer se tratar de uma das melhores adaptações já feitas, ao lado, por exemplo, de Dick Tracy, dirigido por Warren Beatty, para ficar apenas em duas tirinhas que surgiram quase que simultaneamente. O faturamento nas bilheterias ficou aquém do esperado. A caprichada produção custou 20 milhões de dólares e teve um retorno de apenas 50 milhões. Merecia mais.
POPEYE (EUA 1980). Direção: Robert Altman. Elenco: Robin Williams, Shelley Duvall, Paul L. Smith, Ray Walston, Paul Dooley, Valerie Velardi, Richard Libertini, Donald Moffat e Linda Hunt. Duração: 114 minutos. Distribuição: Paramount/Walt Disney Pictures.
