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GUERRA NAS ESTRELAS

Não seria exagero afirmar que a história de Hollywood se divide em antes e depois de Guerra nas Estrelas. O cinema americano dominou o mundo dos anos 1930 até o final dos anos 1950. Entre 1960 e 1977, a indústria cinematográfica sediada na Califórnia experimentou mais fracassos que sucessos e perdeu sua habilidade de dialogar com público. Coincidentemente, foi nesse período que os estúdios deixaram de pertencer aos seus donos originais e foram comprados por grande corporações. Foi também nessa época que surgiu uma nova geração de cineastas formados por escolas de cinema e influenciados pela nouvelle vague francesa. George Lucas era dessa turma e teve seu roteiro recusado por todas as produtoras, exceto a Fox, que costumava investir em filmes de ficção-científica. O raciocínio dos executivos do estúdio foi bem pragmático. Naquele tempo, qualquer filme de ficção-científica faturava pelo menos 20 milhões nas bilheterias, por conta de seu público cativo. A Fox então liberou nove milhões para a produção. Lucas propôs três coisas para ao estúdio: 1) Se o filme faturasse mais de 100 milhões, ele teria participação nos lucros; 2) Se fossem feitas continuações ele teria controle sobre elas; 3) Se ele poderia licenciar produtos com a marca Star Wars. A resposta foi a mesma para as três propostas: sim. A Fox não acreditava que o filme fizesse mais do que 30 milhões e muito menos que tivesse seqüências. Quanto aos produtos licenciados, bem, só o público da Disney gostava disso. Resultado final: o filme faturou quase 400 milhões de dólares nos cinemas mundiais, gerou duas continuações (O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi) e teve mais de mil produtos licenciados. George Lucas tornou-se o diretor/produtor mais poderoso de Hollywood e é o único, até hoje, que pode dizer que é verdadeiramente independente. Agora vamos ao filme. Guerra nas Estrelas é uma espécie de western espacial. Sua estrutura narrativa utiliza conceitos e arquétipos da jornada do herói. Não por acaso, Lucas contratou como consultor o especialista em mitologia Joseph Campbell. O curioso é que o futuro é na verdade o passado, uma vez que o filme abre com a frase “há muito tempo atrás, numa galáxia muito, muito distante…”. Outra coisa curiosa é que tudo é velho, usado e sujo em Guerra nas Estrelas. Antes dele, os filmes de ficção-científica eram sempre assépticos. Questões de gosto à parte, trata-se de um filme fundamental e revolucionário em todos os aspectos. Para o bem ou para mal, o cinema americano é o que é hoje graças a Star Wars. E que a Força esteja contigo, sempre!

GUERRA NAS ESTRELAS (Star Wars: Episode IV – A New Hope – EUA 1977). Direção: George Lucas. Elenco: Mark Hamill, Carrie Fisher, Harrison Ford, Anthony Daniels, Peter Cushing, Alec Guinness, Kenny Baker, Peter Mayhew, David Prowse, Phil Brown e James Earl Jones. Duração: 121 minutos. Distribuição: Fox.

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Respostas de 3

  1. Guerra nas Estrelas 4, 5 e 6 foi o meu filme de infância e adolescência, mas nos episódios 1, 2 e 3, já maduro não posso falar o mesmo, não por isso, mas a comparação entre as fases é gritante, Como você disse Marden numa palesta do Jedicon, o Lucas deveria ter deixado a sequência para um fã.

  2. Na verdade o grande mérito de Star Wars é que é o primeiro filme a descobrir um novo nicho de mercado (ou um segmento de mercado até então desprezado): o público adolescente. Até aquele momento os filmes eram tão-somente para adultos e para crianças.

    A “Força” de George estava na estrutura mitológica e se alimentava da mesada da molecada cheia de acnes.

    De resto, ordinário e cumpridor de seu propósito.

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