A Hollywood dos anos 1930 produziu filmes bem peculiares. Os americanos enfrentavam uma grande crise econômica. Enquanto a MGM fornecia um escape com os musicais, a Warner procurava retratar a realidade com os filmes de gângsters. Anjos de Cara Suja, dirigido em 1938 por Michael Curtiz foi um dos primeiros, senão o primeiro, a não jogar toda a culpa no bandido. O próprio título já resume bem as circunstâncias. De temática social, o filme mostra que muitas vezes o meio modifica as pessoas. Rocky Sullivan, vivido com a energia costumeira de James Cagney, é mais vítima do que algoz. Aqui temos dois amigos de infância, Rocky e Jerry, que cresceram juntos no bairro Cozinha do Inferno, em Nova York. Mais tarde, eles foram mandados para um reformatório. Já adultos, tomaram rumos opostos na vida. Rocky virou um criminoso e Jerry (Pat O’Brien) virou padre. Completa o trio principal o advogado corrupto interpretado por Humphrey Bogart. Curtiz sempre foi um diretor versátil e seguro. Em Anjos de Cara Suja ele discute questões relevantes em um tipo de filme que comumente se resume à troca de tiros entre mocinhos e bandidos. O mundo retratado pelo diretor não é só preto e branco. Existem também muitos tons de cinza.
ANJOS DE CARA SUJA (Angels with Dirty Faces – EUA 1938). Direção: Michael Curtiz. Elenco: James Cagney, Humphrey Bogart, Pat O’Brien, George Bancroft, Ann Sheridan e Billy Halop. Duração: 97 minutos. Distribuição: Warner.
Uma resposta
A sequencia final, em que a personagem de James Cagney atende o pedido de Jerry [Pat O’Brien] é arrebatadora. O título é perfeito e o filme, simplesmente obrigatório.