Assim que o filme começa, um letreiro já deixa claro o que teremos pela frente: “uma comédia com um sorriso… e talvez uma lágrima”. O Garoto foi o primeiro longa de Charles Chaplin, que fez quase tudo sozinho. Ele escreveu o roteiro, além de ter produzido, dirigido, editado e atuado no filme. Apesar de toda a sua genialidade, quem rouba a cena sempre que aparece é o garoto vivido por Jackie Coogan, então com apenas seis anos de idade. A principal personagem criada por Chaplin, o “vagabundo” Carlitos, se afeiçoa a um menino abandonado que ele encontra em uma lata de lixo. Tudo isso é circunstancial. A mãe do garoto não tinha condições de criá-lo. Um dos letreiros diz: “o pecado de uma mulher: a maternidade”. Chaplin não culpa a mãe pelo abandono. Ele tem uma percepção maior das coisas e das pessoas. A história não poderia ser mais simples. E ser simples, é muito difícil. Chaplin realiza aqui uma mistura perfeita entre humor e drama. Sua narrativa é precisa e cheia de criatividade e empolgação. Por mais redundante e clichê que possa parecer, trata-se de um trabalho de gênio. Simplesmente obrigatório.
O GAROTO (The Kid – EUA 1921). Direção: Charles Chaplin. Elenco: Charles Chaplin, Carl Miller, Jackie Coogan e Edna Purviance. Duração: 68 minutos. Distribuição: Warner/Versátil.
Respostas de 2
Parodiando o meu sobrinho Philip: “é para ter!”… trata-se aqui de um filme para se ter em casa e ver e rever sempre. Imperdível, obrigatório, necessário.
Se fosse para apresentar o mundo do cinema para quem nunca tivesse visto nada (um índio, um alienígena ou um viajante do tempo), eu diria que “The Kid” é a obra inicial. Caso essa criatura não viesse a ver mais nada, já teria visto (quase) tudo.