Escrito, dirigido e produzido por Francis Ford Coppola no hiato entre as Partes I e II de O Poderoso Chefão, em A Conversação acompanhamos a história de um especialista em escutas, Harry Caul (Gene Hackman), que vive de roubar segredos e gravar conversas alheias. Com traços paranoicos cada vez mais acentuados, ele tem uma crise de consciência quando passa a suspeitar que um casal que ele está espionando será assassinado. Coppola realiza aqui aquele tipo de filme que toda a sua geração sonhou fazer: um filme pequeno e autoral. A partir do trabalho e da vida pessoal da personagem principal, o diretor/roteirista traça um painel da sociedade da época e discute também a relação do homem com seus “brinquedos” tecnológicos. A habilidade de Coppola em conduzir sua trama é fascinante. Em princípio, não teríamos motivo algum para simpatizar com Harry, afinal, o trabalho dele é bisbilhotar a vida dos outros. Porém, a personagem é tão bem construída pelo ator Gene Hackman e a opção narrativa do diretor tão eficiente, que nos identificamos inteiramente com ele. Tenso e intenso do início ao fim, A Conversação é mais uma obra-prima de Coppola realizada em um dos períodos mais criativos e produtivos de sua carreira. Uma curiosidade: Tony Scott faz uma bela homenagem a Harry Caul no filme Inimigo do Estado, que ele dirigiu em 1998.