Estreia na direção da atriz e roteirista chilena Manuela Martelli, 1976 aborda um dos períodos mais sangrentos da ditadura do general Augusto Pinochet. A ação se concentra na figura de Carmen (Aline Küppenheim), uma dona de casa que leva uma vida tranquila de classe média, até o dia em que recebe um apelo do padre amigo da família para cuidar secretamente de um refugiado político, já que ela fez parte da Cruz Vermelha. O roteiro, escrito pela própria diretora, junto com Alejandra Moffat, é primoroso na abordagem que faz e o trabalho de direção de arte e figurinos completa a excelência da produção. Sem contar a excepcional, delicada e ao mesmo intensa direção que se destaca pelo crescente clima de suspense envolvendo as movimentações de Carmen. A primeira cena já nos prepara para o que poderá acontecer e, a partir do momento em que a protagonista decide ajudar, fica evidente se tratar de um campo minado de extremo perigo. Coincidentemente, o filme de Martelli chega ao streaming poucos meses depois do lançamento de Argentina, 1985, de Santiago Mitre. Os dois guardam algumas semelhanças, mas o tratamento é bem distinto entre eles.
1976 (Chile 2022). Direção: Manuela Martelli. Elenco: Aline Küppenheim, Nicolás Sepúlveda, Hugo Medina, Alejandro Goic, Antonia Zegers, Marcial Tagle, Amalia Kassai e Gabriel Urzúa. Duração: 95 minutos. Distribuição: Netflix.
