O roteirista, produtor e diretor Cameron Crowe prova definitivamente que existe vida inteligente no mundo daqueles situados na casa dos 20 e poucos anos. Apesar dos conflitos. É justamente sobre esses conflitos que trata Vida de Solteiro. Ao centrar sua história em quatro personagens principais e dois coadjuvantes, Crowe consegue imprimir ritmo e agilidade ao seu roteiro. O filme trata basicamente da dificuldade de se manter relacionamentos amorosos verdadeiros na primeira fase da vida adulta. A típica insegurança dessa faixa etária, aliada à sensação de independência que muitos sentem pelo fato de morarem sozinhos e trabalharem, faz com que as coisas do amor se tornem bem complicadas. O diretor-roteirista explora com sensibilidade os encontros e desencontros, os acasos, as coincidências, os olhares, os jogos de sedução, a vontade de encontrar “nossa cara metade”, a solidão, a amizade, os pequenos detalhes, as pequenas bobagens, enfim, a vida. Sem artificialidades. Janet (Bridget Fonda) ama perdidamente Cliff (Matt Dillon), que tem medo do amor por achar que qualquer relação mais séria atrapalhará sua carreira de músico. Linda (Kyra Sedgwick) não acredita mais no amor, até conhecer Steve (Campbell Scott), que também havia perdido as esperanças. Os quatro possuem outros dois amigos, Balley (Jim True), que diz saber tudo sobre amor e não tem ninguém e Debbie (Sheila Kelley), sozinha, porém, decidida a encontrar o “cara certo”. Tudo acontece em Seattle, berço do movimento grunge. A trilha sonora é composta por músicas de bandas da cidade: Pearl Jam, Alice in Chains, Mudhoney e Soundgarden. Mas, não espere com isso um filme de roqueiros. Vida de Solteiro fala de gente. É divertido e instrutivo ao mostrar que existe beleza por trás das bobagens do cotidiano e que as coisas do amor não são assim tão complicadas. As pessoas é que costumam complicá-las. Cameron Crowe carregou seu filme de humanidade: Cheio de encontros e desencontros, de acasos e coincidências, solidão e amizade, jogos de sedução, insegurança, pequenos detalhes, pequenas bobagens, olhares, o medo de amar, a sensação de independência, a procura do amor verdadeiro. Enfim, um filme cheio de vida. Preste atenção em duas “pontas” especiais: Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, como um dos integrantes da banda de Cliff, e o cineasta Tim Burton como um videomaker que faz um trabalho para Debbie.