Apesar de ter sido escrito e dirigido pela dupla Carolina Jabor e Anne Pinheiro Guimarães, Transe é, na verdade, um trabalho coletivo que envolveu não apenas as duas, mas também com o diretor de fotografia Daniel Venosa e o trio principal do elenco: Luisa Arraes, Johnny Massaro e Ravel Andrade. A ação se passa em 2018 durante o período da disputa eleitoral para a presidência da República naquele ano. Transe tem como inspiração os filmes da nouvelle vague francesa, especialmente Jules e Jim, de François Truffaut, e Bando à Parte, de Jean-Luc Godard. Aqui temos um triângulo amoroso formado por Luisa, Ravel e Johnny. Os três se encontram perplexos e bem inseguros em relação ao futuro e tentam entender o que está acontecendo com o país. Daí o título do filme, que busca expressar o estado de espírito das pessoas, independentemente da ideologia que defendem, uma vez que seja qual for o contexto, o “transe” se aplica. As diretoras foram às ruas e gravaram manifestações diversas e as misturaram com cenas envolvendo a trinca do elenco e imagens de arquivo e do noticiário da época, além de alguns depoimentos pontuais. O resultado reflete o momento vivido pela população do Brasil nas eleições de 2018. O filme traz à tona o “antes” e cabe a nós colocar tudo em perspectiva histórica e confrontar aquela escolha com nosso presente. No final, ao som da canção Muito Romântico, de Caetano Veloso, fica evidente a postura a seguir a partir dali.
TRANSE (Brasil 2024). Direção: Carolina Jabor e Anne Pinheiro Guimarães. Elenco: Luisa Arraes, Johnny Massaro, Ravel Andrade, Matheus Macena, Ana Flávia Cavalcanti e Priscila Lima. Duração: 75 minutos. Distribuição: ArtHouse/Filmes do Estação.