Acredito que você saiba como são os bolos de casamento. A maioria são bonitos e com muita cobertura, porém, com pouco recheio. Tenet, o aguardado novo filme escrito, produzido e dirigido por Christopher Nolan é igual a um bolo de casamento. É bonito de ver, tem sequências de ação eletrizantes e personagens estilosos, ou seja, a cobertura é bem legal. No entanto, o roteiro é oco, o herói é bastante raso e as motivações de todos em cena não são convincentes para nos envolver em seus dramas. Resultado: pouco recheio. A ação gira em torno de um agente da CIA chamado apenas de O Protagonista (John David Washington) que é convocado por uma misteriosa organização que dá nome ao filme. A missão é salvar o mundo de um ataque temporal promovido por Andrei Sator (Kenneth Branagh). A arma em questão é capaz de mover o tempo em sentido reverso. O conceito apresentado por Nolan é complexo e o cineasta não se dá ao trabalho, a exemplo do que costumava fazer em seus filmes anteriores, de explicar tudo. A proposta agora é que devemos “sentir” e não procurar “entender”. E é justamente nesse ponto que as coisas se complicam. Sinceramente, não há problema algum em sentir e não é necessário que entendamos tudo. Eu, por sinal, adoro histórias que não explicam em detalhes o que está acontecendo e deixam lacunas por completar. Mas é preciso um mínimo de envolvimento emocional de minha parte. Eu preciso saber o que move o herói, seu antagonista e as pessoas que os rodeiam. Isso não existe em Tenet. O que me fez apreciar apenas a cobertura. Bonita e bem feita, devo confessar. Mas sem substância alguma.

TENET (EUA 2020). Direção: Christopher Nolan. Elenco: John David Washington, Robert Pattinson, Elizabeth Debicki, Kenneth Branagh, Himesh Patel, Martin Donovan, Dimple Kapadia, Denzil Smith e Michael Caine. Duração: 150 minutos. Distribuição: Warner.