O documentário Segredos do Putumayo começa com impactantes imagens do filme Viagem ao Congo, realizado em 1927 por Marc Allégret. Logo após vemos uma série de fotografias e os letreiros nos situam no tempo e na trágica história que nos será contada pelo brasileiro Aurélio Michiles. Acompanhamos então os diários do ativista irlandês Roger Casement, nomeado Cônsul Britânico no Brasil. O país vivia na época o auge da extração da borracha na Amazônia. Vemos aqui a escravização e morte de milhares de indígenas que eram forçados a trabalhar na coleta do látex. Narrado pelo ator Stephen Rea e com ricos depoimentos, entre eles o do escritor manauara Milton Hatoum, o filme resgata uma passagem das mais cruéis já vistas em qualquer parte do mundo. O que é mostrado a partir dos diários de Casement dialoga diretamente com as imagens do filme de Allégret e é triste constatar a repetição dessa brutalidade. Michiles já tinha nos levado àquela região em O Cineasta da Selva, feito em 1997 sobre a vida do português Silvino Santos que viajou pelo Rio Amazonas. As imagens em preto e branco reforçam ainda mais a denúncia apresentada aqui e alertam para a necessidade de não deixarmos que essa se repita continuamente.
SEGREDOS DO PUTUMAYO (Brasil 2020). Direção: Aurélio Michiles. Documentário. Duração: 83 minutos. Distribuição: O2 Play/YouTube Films.







