Luchino Visconti, ao lado de Roberto Rossellini e Vittorio De Sica, foram os grandes artífices do Neorrealismo, movimento que surgiu na Itália, após a Segunda Guerra Mundial. Dos três, Visconti foi o que construiu uma carreira mais singular. Talvez por conta de suas raízes familiares, já que era filho de pais muito ricos. Ele estudou nas melhores escolas da Europa e viajou bastante. Morou algum tempo na França, onde conheceu o cineasta Jean Renoir através da amiga Coco Chanel. Apaixonado por ópera e profundo conhecedor da burguesia italiana, Visconti imprimiu em seus filmes, principalmente os realizados a partir dos anos 1950, uma assinatura bastante pessoal. Seu olhar, sempre requintado, não perdoava a futilidade da classe burguesa e, fazendo um uso preciso do melodrama, ele soube como ninguém retratar esse mundo. Sedução da Carne é um excelente cartão de visita ao universo viscontiano. Todos os elementos caros à sua filmografia estão presentes. Alguns já solidificados, outros em estado latente. Basta prestar atenção no rigor do diretor na condução operística da trama e na estonteante beleza plástica das cenas.
SEDUÇÃO DA CARNE (Senso – Itália 1954). Direção: Luchino Visconti. Elenco: Alida Valli, Farley Granger, Massimo Girotti, Heinz Moog, Marcella Marieni e Christian Marquand. Duração: 115 minutos. Distribuição: Versátil.