O cineasta carioca Leon Hirszman era estudante de Engenharia quando se envolveu definitivamente com suas duas grandes paixões: o cinema e a política. Ativo participante do movimento estudantil na virada dos anos 1950 para 1960, foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura (CPC) e da União Nacional dos Estudantes (UNE). Cineclubista de formação, começou a carreira dirigindo curtas e estreou em longas em 1965, com A Falecida, baseado na peça de Nelson Rodrigues. São Bernardo, de 1972, é seu terceiro longa-metragem. Adaptado do romance de Graciliano Ramos pelo próprio Hirszman, o filme conta a história de Paulo Honório (Othon Bastos), um caixeiro-viajante que fica muito rico utilizando métodos não muito ortodoxos. Ele compra a fazenda São Bernardo e acerta casamento com Madalena (Isabel Ribeiro), que é professora na cidade. A relação entre os dois é tensa, uma vez que ela não admite ser tratada como mais uma das “propriedades” dele. O olhar humanista de Hirszman extrai desempenhos fabulosos de todo o elenco e, em particular, da dupla principal. A força do texto original de Graciliano Ramos, escrito em 1934, é mantida intacta e ainda temos uma bela trilha sonora composta por Caetano Veloso. São Bernardo é uma das mais importantes obras da literatura e do cinema brasileiros.
SÃO BERNARDO (Brasil 1972). Direção: Leon Hirszman. Elenco: Othon Bastos, Isabel Ribeiro, Nildo Parente, Vanda Lacerda, Mário Lago, Rodolfo Arena e Jofre Soares. Duração: 113 minutos. Distribuição: VideoFilmes/Bretz Filmes.
Uma resposta
Leon Hirszman é um Mestre. Puro e simples: um Mestre. Ver e rever São Bernardo é um ato de amor ao cinema.