Longa de estreia da roteirista e diretora francesa Iris Kaltenbäck, Rapto é uma obra contundente e madura em se tratando de um primeiro filme, tanto que foi indicado ao Cesar da categoria e ganhou o prêmio SACD (da Sociedade dos Autores e Compositores Dramáticos), no Festival de Cannes de 2023. O roteiro, escrito pela própria diretora ao lado de Alexandre de La Baume e Naïla Guiguet, nos apresenta Lydia (Hafsia Herzi), uma competente e comprometida parteira que tem sua rotina completamente alterada após uma separação. Isso a deixa cada vez mais triste e isolada, mesmo após saber da gravidez de Salomé (Nina Meurisse), sua melhor e única amiga. Certa noite ela conhece Milos (Alexis Manenti), com quem se envolve uma vez apenas. Tempos depois o reencontra com a bebê da amiga nos braços e diz que ela é fruto da noite que passaram juntos. Aquela mentira promove uma espiral de acontecimentos que modifica a vida de todos ao redor de Lydia. Kaltenbäck conduz sua narrativa com segurança e tem à frente um elenco dos mais talentosos, especialmente Hafsia Herzi, uma atriz que consegue transmitir com vigor o turbilhão de emoções que passa pela cabeça de sua personagem. Em tempo: Não sei a razão de o título nacional ser tão direto. O original é mais sutil e poderia ser traduzido como O Arrebatamento.
RAPTO (Le Ravissement – França 2023). Direção: Iris Kaltenbäck. Elenco: Hafsia Herzi, Alexis Manenti, Nina Meurisse, Younès Boucif, Radmila Karabatic, Ana Blagojevic, Grégoire Didelot e Mathieu Perotto. Duração: 97 minutos. Distribuição: Imovision.