Rooney Mara, a Lisbeth Salander da versão americana de Os Homens Que Não Amavam as Mulheres é uma boa atriz e seu desempenho no filme está acima da média. Porém, no Oscar de 2012 ela terminou tomando a “vaga” de uma atriz fabulosa em um trabalho, no mínimo, estupendo: Tilda Swinton, em Precisamos Falar Sobre o Kevin. Ela interpreta Eva, com toda a carga simbólica e recorrente que o nome da “primeira mulher” traz. O filme da diretora Lynne Ramsey se baseia no livro de mesmo nome, escrito por Lionel Shriver. Uma obra que muitos consideravam dificílima de ser adaptada para o cinema. Eva vive sozinha. Sua casa e seu carro foram pintados de vermelho. Ela é hostilizada nas ruas e tenta recomeçar sua vida em um novo emprego. Aos poucos, este quebra-cabeças começa a fazer sentido. Ela é mãe de Kevin (Jasper Newell, quando criança e Ezra Miller, na adolescência). Sua relação com o filho sempre foi complicada. Seu marido, Franklin (John C. Reilly), é condescendente demais, para dizer o mínimo. O roteiro, de autoria de Ramsey, em parceria com Rory Kinnear, aposta na não linearidade para contar sua história. A fotografia, às vezes quente, às vezes fria, de Seamus McGarvey, reforça a intensidade das situações apresentadas. Além disso, temos na montagem de Joe Bini e na trilha sonora composta por Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead, o complemento perfeito para o “clima” proposto pela diretora. Será que Kevin seria diferente se sua relação com Eva tivesse sido outra? Será que ele não teria feito o que fez? Ramsey não responde a estas perguntas. As respostas ficam em aberto e é justamente daí que vem a força do filme. Dessa imprecisão e da “força da natureza” que atende pelo nome de Tilda Swinton.
PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN (We Need to Talk About Kevin – Inglaterra/EUA 2011). Direção: Lynne Ramsay. Elenco: Tilda Swinton, Ezra Miller, John C. Reilly, Siobhan Fallon, Ursula Parker, Jasper Newell, Ashley Gerasimovich e Alex Manette. Duração: 112 minutos. Distribuição: Paris Filmes.
Uma resposta
Concordo com o Marden em todo o texto. E Tilda Swinton é uma atriz extraordinária!