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PASÁRGADA

Em 1930 Manuel Bandeira escreveu o poema “Vou-me Embora pra Pasárgada”, publicado em seu livro Libertinagem. O lugar seria uma metáfora para a busca pela liberdade e por uma vida mais plena de prazeres. Mais de 90 anos depois, a atriz Dira Paes se inspirou no famoso poema para realizar seu primeiro longa como roteirista e diretora. Aqui ela interpreta Irene, uma bióloga especializada em ornitologia, ramo da zoologia que estuda as aves a partir das regiões onde elas vivem. No momento, Irene está envolvida com um projeto de pesquisa no meio da Mata Atlântica, no interior do Rio de Janeiro. Com a ajuda de Manuel (Humberto Carrão), que fala e entende a língua dos pássaros, ela redescobre sua ancestralidade e isso traz à tona alguns dilemas éticos e profissionais. Dira Paes estreou no cinema aos 15 anos, em 1985, na produção hollywoodiana A Floresta das Esmeraldas, de John Boorman. Pasárgada, de uma certa maneira, apesar das diferenças temáticas, dialoga com aquele filme. A cineasta estreante abraça múltiplas tarefas aqui e realiza uma obra bonita e que ganha uma força especial por conta de seu estupendo desenho de som, premiado no Festival de Gramado de 2024. É visível o empenho não apenas da diretora, mas de todo o elenco e equipe técnica, sem contar que a mensagem que fica é de uma urgência cada vez maior diante dos desastres climáticos que o Brasil tem enfrentado nos últimos anos. Como diria o poeta: “Vou-me embora pra Pasárgada. Aqui eu não sou feliz. Lá a existência é uma aventura”.

PASÁRGADA (Brasil 2023). Direção: Dira Paes. Elenco: Dira Paes, Humberto Carrão, Cássia Kiss, Peter Ketnath e Ilson Gonçalves. Duração: 84 minutos. Distribuição: Bretz Filmes.

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