O russo Andrey Konchalovskiy começou sua carreira no início dos anos 1960 escrevendo roteiros para ninguém menos que Andrei Tarkovski, conterrâneo seu e um dos grandes mestres do cinema. Paralelo ao trabalho como roteirista, ele também começou a dirigir filmes, mas, só chamou atenção em meados da década de 1980 com Os Amantes de Maria e Expresso Para o Inferno. Até que em 2016, com o lançamento de Paraíso, os holofotes se voltaram para ele. A partir de um roteiro original seu, escrito em parceria com Elena Kiseleva, temos aqui um filme de guerra que foge completamente ao padrão que se espera de uma obra do gênero. A história se passa na época de Segunda Guerra Mundial, na França ocupada pelos exército nazista, e se concentra em três personagens: Olga (Yuliya Vysotskaya), Jules (Philippe Duquesne) e Helmut (Christian Clauss). Filmado em belíssimo preto e branco, Paraíso mergulha na vida de Olga, uma aristocrata russa que faz parte da Resistência Francesa. Ao ser presa por esconder crianças judias, ela conhece Jules, oficial que oferece a liberdade em troca de favores sexuais. As coisas tomam outro rumo assim que ela é transferida para um campo de concentração, onde reencontra Helmut. Em Paraíso, Konchalovskiy faz valer as lições que aprendeu com Tarkovski, entre elas, o ritmo que imprime e no caráter intimista de sua narrativa.
PARAÍSO (Ray – Rússia/Alemanha 2016). Direção: Andrey Konchalovskiy. Elenco: Yuliya Vysotskaya, Viktor Sukhorukov, Peter Kurth, Philippe Duquesne, George Lenz e Christian Clauss. Duração: 130 minutos. Distribuição: Focus/Flashstar.