Em 1968, a paulista Tereza Trautman abandonou o curso de Medicina e decidiu que seria uma cineasta. Em 1970, com apenas 19 anos, ela dirigiu um curta e se tornou amiga de João Batista de Andrade, Luís Sérgio Person e Carlos Reichenbach, que faziam parte da Reunião de Produtores Independentes. Três anos depois Trautman realizou seu primeiro longa, Os Homens Que Eu Tive. O roteiro, de sua autoria, apresenta Piti (Darlene Glória), uma mulher que vive com Dodi (Gracindo Júnior) em um relacionamento aberto. Com isso, não há limites para seus desejos e paixões. Temos aqui uma obra seguramente audaciosa e à frente de seu tempo. Tanto que foi sumariamente proibida pela censura imposta pela ditadura militar. A razão apresentada se referia principalmente ao título do filme. No entanto, um outro motivo se revela mais plausível e de acordo com a mentalidade machista da época. Afinal, o desejo feminino nunca foi, ou melhor, nunca é aceito como algo natural, pois em muitos casos ainda prevalece hoje. O que importa que Tereza Trautman fez seu filme como quis e hoje, devidamente restaurado, ele permanece como um importante registro não apenas do período que retrata, mas principalmente por mostrar que passados mais de meio século de sua realização ele continua uma obra de vanguarda.
OS HOMENS QUE EU TIVE (Brasil 1973). Direção: Tereza Trautman. Elenco: Darlene Glória, Milton Moraes, Gracindo Júnior, Arduíno Colasanti, Ítala Nandi, Roberto Bonfim, Isabel Ribeiro, Annik Malvil e Gabriel Arcanjo. Duração: 85 minutos. Distribuição: Herbert Richers.







