O cineasta americano Alexander Payne estava sem dirigir um longa-metragem desde 2004, quando realizou Sideways: Entre Umas e Outras. O “jejum” terminou em 2011, com Os Descendentes. O roteiro, escrito pelo próprio Payne junto com Nat Faxon e Jim Rash, se baseia no livro de Kaui Hart Hemmings. “Meus amigos no continente pensam que só porque eu moro no Havaí, eu moro no paraíso. Como um período de férias permanente. O tempo todo tomando Mais Tais e pegando onda. Eles estão loucos?”, pergunta Matt King, personagem de George Clooney, um advogado bem sucedido e um pouco “desligado” da família. Um acidente de barco com sua esposa Elizabeth (Patricia Hastie) provoca uma mudança brusca em sua vida. Isso sem contar a possibilidade de fechamento de uma negociação envolvendo as terras da tradicional família King, que deixará todos milionários. Os Descendentes se equilibra na linha tênue entre o drama e a comédia. Payne sabe bem onde está pisando e conduz seu filme de maneira sutil e segura. O foco principal é a reinvenção de Matt como homem e como pai. E é justamente do relacionamento dele com as duas filhas, Alexandra (Shailene Woodley) e Scottie (Amara Miller), que o filme tira seu maior trunfo. Engraçado e dramático na medida certa, Os Descendentes é, acima de tudo, extremamente humano. Indicado ao Oscar em cinco categorias, ganhou em apenas uma: melhor roteiro adaptado.