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OPPENHEIMER

Quando Sting saiu da banda The Police e lançou seu primeiro álbum solo, The Dream of the Blue Turtles, em 1985, a terceira faixa, Russians, trazia em um de seus versos a pergunta: How can I save my little boy from Oppenheimer’s deadly toy? Em uma tradução livre “como eu posso salvar meu filho do brinquedo mortal de Oppenheimer?”. Não sei dizer se essa canção inspirou o cineasta Christopher Nolan para escrever o roteiro de Oppenheimer, seu novo trabalho. Oficialmente, o roteiro é uma adaptação da biografia vencedora do Pulitzer Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano, escrita por Kai Bird e Martin J. Sherwin e publicada no ano de 2005. O longa acompanha a trajetória de Julius Robert Oppenheimer, vivido pelo ator Cillian Murphy. Ele era professor de Física Quântica na Universidade da Califórnia, quando foi convidado para montar um laboratório, o Los Alamos, onde coordenou, de 1942 a 1947, o Projeto Manhattan, responsável pela criação da bomba atômica utilizada para destruir as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, na Segunda Guerra Mundial. Nolan é um diretor obsessivamente perfeccionista. Quem conhece sua obra sabe bem disso. E não seria diferente em Oppenheimer. Em suas exatas três horas de duração somos levados a conhecer, em detalhes, todas as etapas e pessoas envolvidas no processo que resultou no desenvolvimento dessa arma nuclear. O filme nos leva, nem sempre em ordem cronológica, pelo antes, durante e depois do teste e efetivo uso das duas ogivas. São tantos nomes e situações que exigem muita atenção por parte do espectador. Mas a montagem precisa de Jennifer Lame consegue prender nossa atenção. Outra característica recorrente dos filmes de Nolan, o desenho de som, aqui, como esperado, é intenso e envolvente. E o que dizer do quilométrico elenco? Apesar da quantidade, há espaço para que todas e todos brilhem. Mas dois conseguem se destacar além do onipresente Murphy no papel-título: Robert Downey Jr. e Emily Blunt, respectivamente, Lewis Strauss e Kitty Oppenheimer. Ele convidou o físico para a Comissão de Energia Atômica e ela era sua esposa. Oppenheimer foi inteiramente rodado com câmeras imax. Isso faz dele um filme para ser visto em telas gigantes e com muitas e bem distribuídas caixas de som. Somente assim será possível a completa imersão pretendida pelo diretor. Muito tem se falado da ausência de CGI (sigla em inglês para “imagens geradas por computador”). Nolan, notoriamente, prefere efeitos práticos. Mas isso, no final das contas, é irrelevante. O que importa mesmo é que se trata de um espetáculo cinematográfico de primeira grandeza e que deverá receber muitas indicações na temporada de prêmios do início de 2024. Em tempo: o lançamento acabou coincidindo com o de Barbie e por conta disso criou-se uma disputa sobre quais dos dois sairá vencedor nas bilheterias. Bobagem. Ambos são bem diferentes. Quem saiu ganhando mesmo foi o público. 

OPPENHEIMER (EUA 2023). Direção: Christopher Nolan. Elenco: Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Matt Damon, Florence Pugh, Tom Conti, Jason Clarke, Jack Quaid, Casey Affleck, Rami Malek e Gary Oldman. Duração: 180 minutos. Distribuição: Universal.

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