A dupla de roteiristas e diretores paulistas Ícaro Martins e José Antonio Garcia é uma célebre representante da produção da Boca do Lixo, região do centro de São Paulo que do final dos anos 1960 até meados dos anos 1980 se tornou reduto da produção cinematográfica independente no Brasil. Na primeira metade da década de 80 eles realizaram três filmes estrelados pela atriz Carla Camurati. O Olho Mágico do Amor, em 1982; Onda Nova no ano seguinte; E pouco depois, em 1985, Estrela Nua. Dessa trinca, o filme do meio teve um destino bem curioso e inesperado. Ele foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e causou grande sensação. Isso não impediu que fosse censurado pela ditadura militar e não chegasse aos cinemas. 42 anos depois, devidamente restaurado, Onda Nova tem um merecido lançamento. A história apresenta o time de futebol feminino Gayvotas Futebol Clube. Acompanhamos aqui a rotina dessas meninas dentro e fora do campo. A relação com suas famílias, a amizade, os treinos e os envolvimentos amorosos e sexuais. Passados mais de 40 anos de sua produção é estarrecedor perceber que o filme continua bastante atual. Não por conta de sua história e narrativa. Neste quesito, ele se revela até um pouco datado. Mas quando se trata de sua temática “erótico-cômica”, ah, essa ainda enfrenta hoje os mesmos entraves que enfrentou em 1983. Infelizmente, mesmo após tanto tempo, parece que involuímos como sociedade. Em tempo: Além do jogador Casagrande, Onda Nova traz Caetano Veloso em uma participação especial impagável.
ONDA NOVA (Brasil 1983). Direção: Ícaro Martins e José Antonio Garcia. Elenco: Carla Camurati, Cristina Mutarelli, Tânia Alves, Vera Zimmermann, Regina Casé, Ênio Gonçalves, Cida Moreira, Patrício Bisso e Casagrande. Duração: 102 minutos. Distribuição: Vitrine Filmes.
