O cineasta goiano Erico Rassi já havia nos brindado com o faroeste Comeback, de 2016, seu longa de estreia. Oito anos depois ele volta ao gênero neste Oeste Outra Vez, escrito e dirigido por ele em 2024. A história se passa no sertão de Goiás e nos apresenta Totó (Ângelo Antônio) e Durval (Babu Santana). Os dois têm em comum o fato de terem sido abandonados pela mesma mulher. E isso desperta neles uma forte, intensa e destrutiva rivalidade que culmina na contratação do pistoleiro Jerominho, vivido com inspirada verve pelo octogenário Rodger Rogério, ator e compositor que atuou em Bacurau. Originalmente, o papel seria de Nelson Xavier, que faleceu em 2017. Temos em Oeste Outra Vez uma representação perfeita da masculinidade tóxica, paradoxalmente inserida em uma obra de teor feminista. Como isso é possível se não há mulheres com destaque no elenco? Apenas uma aparece no início, de costas e indo embora. É justamente a ausência delas que confirma e reforça esse caráter feminista. Os homens estão sozinhos e a solidão os brutaliza e revela marcas do passado e uma completa desesperança. Este sentimento de abandono é acentuado pela fotografia quente e estourada, a trilha sonora melancólica, além de um roteiro e uma direção que privilegiam a economia, assim como o desempenho dos atores. Desde já, um dos melhores lançamentos do ano. Oeste Outra Vez ganhou três importantes Kikitos no 52º Festival de Cinema de Gramado, em 2024: melhor filme, melhor ator coadjuvante (Rodger Rogério) e melhor fotografia.

OESTE OUTRA VEZ (Brasil 2024). Direção: Erico Rassi. Elenco: Ângelo Antônio, Babu Santana, Antonio Pitanga, Rodger Rogério, Adanilo, Daniel Porpino e Tuanny Araújo. Duração: 98 minutos. Distribuição: O2 Play.