Antes de dirigir filmes, Leni Riefenstahl foi atriz em um gênero típico da Alemanha dos anos 1920: o filme de montanha. Na seqüência, torna-se diretora, produtora e repórter cinematográfica. Em 1934 ela realizou O Triunfo da Vontade, documentário sobre o Congresso do Partido Nazista, em Nuremberg. O filme foi autorizado pelo próprio Hitler e abre com a frase: “20 anos após o início da Primeira Guerra Mundial. 16 anos após o início do nosso sofrimento. 19 meses após o início do Renascimento Alemão, Adolf Hitler voou novamente para Nuremberg para revistar os seus fiéis seguidores”. Tudo começa no alto. A águia nazista, as nuvens, um avião. A sombra do avião sobrevoando a cidade remete à imagem da águia. Hitler está dentro do avião. Ele chega do alto, ele chega do céu. Hitler é sempre mostrado do alto. Multidões o esperam. Um apoio popular completo retratado por pessoas de todas as idades e de todos os lugares. Vemos jovens soldados em um acampamento tomando banho e fazendo a barba. Tudo é festa, alegria, sorrisos. Não existe narração, chamada no jargão do cinema documentário de “voz de Deus”. Existe apenas a voz de Hitler, uma espécie de “deus”. A voz dele é o que importa. Tem início a apresentação: “uma Nação, um Führer, um Reich, Alemanha”. Trabalhadores surgem em uma espécie de balé ensaiado de exaltação ao povo alemão. Soldados marcham com pás, ao invés de armas, todos unidos em favor da reconstrução do país. Apesar da questão “propaganda ideológica” envolvida, é inquestionável o apuro e o domínio técnico de Leni Riefenstahl. Sua câmara sempre presente e criativa possui total liberdade de movimentos. Ela nos revela ângulos insuspeitos e faz uso de tomadas belíssimas e extremamente bem planejadas. Isso torna O Triunfo da Vontade um filme obrigatório para aqueles que conseguem enxergar além das ideologias e apreciam a beleza de uma verdadeira aula de cinema.
Uma resposta
eu amo documentário. já viu The Corporation? nossa, maravilhoso oO