Os irmãos cineastas Rodrigo e Sebastián Barriuso nasceram em Cuba e hoje vivem no Canadá. Em O Tradutor, seu longa de estreia, eles nos contam, a partir do roteiro de Lindsay Gossling, a história de Malin (Rodrigo Santoro), o pai deles. A ação se passa em Havana e tem início no ano de 1986. Mais precisamente na sequência do acidente na usina de Chernobyl, na então União Soviética, atual Rússia. Malin é professor de literatura russa na Universidade de Havana e é intimado pelo governo cubano a trabalhar no hospital local como tradutor para as crianças soviéticas vítimas da radiação nuclear. O resumo já indica o caráter, ou melhor, o potencial melodramático que o filme tem. Felizmente, os Barriuso não sucumbem ao apelo natural da história. Feito para homenagear o pai dos diretores, O Tradutor é respeitoso na abordagem e toma um bom distanciamento para escapar de armadilhas que costumam aparecer em narrativas similares. Mas não pense com isso que se trata de um filme frio. Muito pelo contrário. Na verdade, os irmãos cineastas, cientes da forte carga dramática que tinham nas mãos, optaram por não carregar nas tintas mais do que o necessário. O resultado emociona, sem jamais cair na pieguice. E isso não é pouco.
O TRADUTOR (Un Traductor – Cuba/Canadá 2018). Direção: Rodrigo e Sebastián Barriuso. Elenco: Rodrigo Santoro, Maricel Álvarez, Genadijs Dolganovs, Eslinda Nuñez, Milda Gecaite, Yoandra Suárez e Nikita Semenov. Duração: 107 minutos. Distribuição: Galeria.