Formado em Filosofia, Psicologia e Artes Cênicas, o cineasta alemão radicado na Áustria Michael Haneke iniciou sua carreira em 1967, como dramaturgo. Sete anos depois passou a trabalhar na TV, onde dirigiu seis telefilmes de 1974 até 1989, ano de seu primeiro longa para cinema, O Sétimo Continente. Com roteiro escrito pelo próprio Haneke, junto com Johanna Teicht, o filme gira em torno do casal Anna (Birgit Doll) e Georg Schober (Dieter Berner), pais de Evi (Leni Tanzer), que finge ter ficado cega para chamar a atenção dos pais. Isso faz com que eles percebam a que ponto chegou aquela vida em família. Isso provoca uma alteração radical na rotina dos Schober, que decidem se mudar para a Austrália. O Sétimo Continente é a primeira parte da chamada “Trilogia da Frieza”. Quem conhece a obra de Haneke por seus trabalhos mais recentes pode até imaginar que ele era mais suave e leve no início. Na verdade, todas as características recorrentes em sua filmografia, tais como a crueza das imagens, a economia narrativa e temas polêmicos, se fazem presentes já nesta estreia cinematográfica. Haneke é um cineasta que sempre soube incomodar. E isso é muito bom por não esgotar o filme. Mesmo depois que ele acaba.
O SÉTIMO CONTINENTE (Der Siebente Kontinent – Áustria 1989). Direção: Michael Haneke. Elenco: Birgit Doll, Dieter Berner, Leni Tanzer e Udo Samel. Duração: 104 minutos. Distribuição: Obras-Primas do Cinema.