Baseado em uma série de livros escritos por René Goscinny e ilustrados por Jean-Jacques Sempé, o filme O Pequeno Nicolau, dirigido e co-adaptado por Laurent Tirard, não transpõe para a tela grande nenhum dos livros especificamente. Tirard capturou a essência das personagens e criou uma história original. O diretor-roteirista também optou por manter a ação na mesma época em que ela acontece nos livros, um período situado entre o final dos anos 1950 e o início dos anos 1960. São oito amigos: Nicolau, Alceu, Godofredo, Eudes, Clotário, Rufino, Joaquim e Agnaldo. Eles possuem características físicas e personalidades bem distintas e estudam na mesma turma na escola. Em O Pequeno Nicolau, tanto nos livros como no filme, as crianças são simplesmente crianças, e não pequenos adultos. O bom paralelo com o Brasil pode ser encontrado nas histórias do Menino Maluquinho, de Ziraldo, e que gerou dois filmes muito bons: o primeiro dirigido por Helvécio Ratton e o segundo por Fernando Meirelles. Na trama, tudo gira em torno do nascimento de um novo filho na família de um dos meninos. Na fértil imaginação deles, sempre que um bebê nasce, o irmão mais velho é abandonado na floresta. Os garotos, liderados por Nicolau, tecem planos mirabolantes para resolver esse problema. O filme de Tirard é repleto de uma inocência comovente e contagiante. Em um mundo onde ainda não existiam computadores, videogames e a internet, Nicolau e seus amigos se divertem jogando bola, ouvindo e contando histórias, brincando em um terreno baldio. Eles são criativos e utilizando sempre a maior das ferramentas em qualquer brincadeira: a imaginação. Tirard realizou um filme carinhoso e nostálgico sem cair na pieguice do “no meu tempo era melhor”. Com um elenco de pequenos atores mais do que perfeito e um ritmo ágil e preciso na direção e no roteiro, O Pequeno Nicolau é diversão garantida, e da melhor qualidade.