O Maior Amor do Mundo, de Cacá Diegues, conta a história de Antonio, um astrofísico que depois de décadas morando nos Estados Unidos, retorna ao Brasil para receber uma homenagem. Ele está doente e tem poucos dias de vida, além disso, perdeu todos os contatos que tinha no país. Seu único elo com o passado é o pai. Ao visitá-lo, ele descobre a verdade sobre sua mãe biológica e inicia uma viagem ao lugar onde teria nascido. Diegues, que também escreveu o roteiro, em nenhum momento se deixa levar por soluções fáceis e estereotipadas que costumam ser utilizadas para retratar a violência nas grandes cidades. Antonio, interpretação inspirada de José Wilker, sofre transformações ao longo do filme e isso faz com que tenhamos sempre um olhar diferente sobre sua personalidade. Trata-se de uma pessoa que inicialmente nos parece arrogante e cheia de manias, porém, aos poucos, descobrimos ser multifacetado e bastante interessante. Ao explorar o passado, ele traz luz para o presente e se acerta com o futuro. A narrativa não-linear é coesa e flui sem problemas, pois, sempre que um tempo diferente é mostrado, ele é bem marcado pelo cenário e pela música. Ponto para o diretor/roteirista que realizou um filme sem grandes pretensões, porém, cheio de significados, de introspecção, de silêncios e de transformações. Tampouco deixou a trama cair no lugar comum e, o mais importante, mostrou que alguns momentos felizes podem fazer a diferença. E isso não é pouco.