Misturar gêneros cinematográficos não é uma tarefa fácil. Em O Labirinto do Fauno, o diretor mexicano Guillermo del Toro se arrisca neste terreno pantanoso e se sai muito bem. A partir de um roteiro original escrito por ele, o filme nos transporta para o ano de 1994, na Espanha. Somos apresentados a Ofélia (Ivana Baquero), uma menina de 13 anos, que se muda com a mãe, Carmen (Ariadna Gil), que está grávida, para uma cidade do interior. Lá, elas encontrarão Vidal (Sergi López), capitão do exército de Franco, novo marido de Carmen e agora padrasto de Ofélia. Em clima de conto de fadas sobrenatural, del Toro nos conduz, através da descoberta da garota, pelas ruínas de um labirinto escondido dentro da casa. Ofélia encontra um fauno que lhe faz uma incrível revelação. Com habilidade, o diretor-roteirista ainda consegue inserir em sua trama a questão política vivida pela Espanha durante o regime franquista e tem em Vidal uma das personagens mais cruéis do cinema nos últimos tempos. O toque de gênio fica por conta da maneira como a história é contada. Há muitas interpretações possíveis e del Toro não apresenta soluções fáceis para nenhuma delas. Além disso, o filme tem um apuro técnico e visual impressionantes. Uma característica marcante das obras do diretor e que se sobressai ainda mais quando ele trabalha com material próprio. Indicado a seis prêmios Oscar em 2007, O Labirinto do Fauno terminou ganhando a metade deles: melhor fotografia, direção de arte e maquiagem.
O LABIRINTO DO FAUNO ( El Laberinto del Fauno – Espanha/México 2006). Direção: Guillermo del Toro. Elenco: Ivana Baquero, Sergi López, Ariadna Gil, Maribel Verdú, Doug Jones, Alex Angulo, Manolo Solo, Cesar Vea e Roger Casamajor. Duração: 118 minutos. Distribuição: Warner.
Respostas de 8
Guillermo del Toro é dos cineastas mais visionários do cinema contemporâneo. E o seu Laribinto do Fauno, um conto de fadas obscuro e aterrador. Basta lembrar do Homem Pálido que ainda me gela a alma. Filme de mestre para quem o cinema existe como arte, cultura e entretenimento.
Ainda: no ambiente perturbador do Homem Pálido se percebe as referências aos desenhos de Goya. Além do Franquismo, poemas de Miguel Hernandez [um poeta extraordinário] e a própria literatura fantástica do início do século passado. São muitas camadas de entendimento nesta obra. E faz do Labirinto o filme que nasceu clássico.
Nossa, este filme é fabuloso, lembro-me de quando assisti, a maneira como fiquei envolvido com a história e os personagens… é espetacular, boa indicação para uma noite de sábado (sessão pipoca)… Abraços e belo post Marden
Um caso excepcional de um filme que já nasce clássico, como disse o Douglas. Lindo e perturbador.
Gostei bastante desse filme, tudo na medida certa… e a cena da mulher cortando a boca do cara? UIAS!
jopz
Lindo, triste, chocante, puro. Nâo é o primeiro filme em que Guillermo mistura o sobrenatural com uma beleza infantil (vide “A espinha do diabo”). Sou fã desse diretor!
Excelente em todos os aspectos!
Apesar do clima dark, tive a impressão que o diretor conhece e se inspira na obra do brasileiro Monteiro Lobato. A menina protagonista lembra muito a Narizinho.