O cineasta dinamarquês Lars Von Trier tem predileção por temas polêmicos e com forte carga dramática. É, portanto, inusitada esta comédia, O Grande Chefe, escrita e dirigida por ele. No filme, temos um patrão bonzinho que nunca desagrada seus empregados. No entanto, isso não é verdade. Trata-se de uma máscara. As maldades são cometidas pelo “grande chefe”, que nunca aparece e mora nos Estados Unidos. A coisa se complica quando a empresa está prestes a fechar um grande negócio. Para tanto, se faz necessária a presença dele e para representá-lo é contratado um ator. Já no começo do filme o diretor define tudo: “Esta é uma comédia e, como tal, é inofensiva; não há imposição de idéias ou a mudança delas”. Utilizando uma técnica chamada Automavision, tudo é filmado com a luz natural da locação e a partir de uma câmara instalada em um computador. Segundo o diretor, o computador também selecionou as cenas para a edição final. Tecnicidades à parte, O Grande Chefe é bem divertido e em alguns momentos lembra a série de TV The Office. O filme brinca com a questão da representação em nossas vidas. O humor aparece justamente quando a “criatura”, o ator, completamente absorvido pelo papel de chefe, passa a agir como tal, criando situações engraçadas e embaraçosas.