O cinema brasileiro tem mais história que o cinema argentino. Porém, o cinema feito atualmente no país de nossos “hermanos” tem feito mais história que o daqui. Surge então uma pergunta bem simples: o que é que eles têm que nós não temos? A resposta é mais simples ainda: eles conseguem dialogar com seu público, ou melhor, com qualquer público. O Filho da Noiva, de Juan Jose Campanella, é aquele tipo de filme ao mesmo tempo simples e complexo. Cheio de camadas e passível de diversas interpretações, ele consegue funcionar em diferentes níveis e gêneros. Tem humor, drama, suspense e romance. Fala de amor, ternura, amizade, relacionamentos e sentimento. Lida com questões sociais, religiosas, culturais, políticas e econômicas. Nos faz rir, chorar e se emocionar. Não estou exagerando. O filme de Campanella passeia por tudo isso com lirismo, desenvoltura e criatividade. Uma direção segura, um roteiro envolvente e um elenco dos sonhos que reúne duas gerações de grandes atores em plena forma. Tenha certeza de uma coisa: nosso futebol talvez ainda seja melhor, mas, em matéria de cinema, no momento estamos perdendo feio.
O FILHO DA NOIVA (El Hijo de la Novia – Argentina 2001). Direção: Juan Jose Campanella. Elenco: Ricardo Darin, Héctor Alterio, Norma Aleandro, Eduardo Blanco e Natalia Verbeke. Duração: 124 minutos. Distribuição: Europa Filmes.
Uma resposta
Concordo plenamente, os filmes argentinos são diferentes dos nossos. A forma de contar a história é outra, a gente sente a diferença no trato dos assuntos. Você bem explicou.