Costuma-se dizer que a arte imita a vida. Às vezes, acontece o contrário. Em 31 de março de 1993, em uma das inúmeras cenas de tiro do filme O Corvo, o ator Brandon Lee, filho do lendário Bruce Lee, deveria receber disparos de bala de festim. Um acidente, inexplicável até hoje, fez com que houvesse balas de verdade no revólver. Brandon morreu e o filme que ele sonhava ser seu passaporte para o estrelato parecia terminado. A Paramount, produtora original do projeto, não quis mais saber dele. A Warner comprou o filme e com a autorização da mãe do ator, o diretor estreante Alex Proyas concluiu as filmagens com a ajuda de alguns truques de computação gráfica. O elenco, apesar de abalado emocionalmente, quis fazer uma última homenagem a Brandon e todos voltaram ao set. Um ano depois, O Corvo estava pronto. Baseado em uma história-em-quadrinhos criada por James Barr, conta a história de um roqueiro e sua namorada que são assassinados brutalmente por uma gangue de incendiários no dia do diabo, véspera do dia das bruxas. Diz a lenda que quando uma pessoa morre, um corvo vem levar sua alma. Este mesmo corvo pode trazê-la de volta por vingança, caso sua alma não consiga repousar em paz. Não espere uma trama mirabolante. A história de O Corvo é bem simples. O melhor do filme é a forma como ela é contada. Alex Proyas, egresso da publicidade e dos videoclipes, fez um filme assumidamente escuro e tenebroso. Com um ritmo ágil, um visual estiloso e uma trilha sonora mais que apropriada, O Corvo consegue prender a atenção até o fim. Brandon Lee prova em seu último trabalho que tinha carisma suficiente para emplacar como astro. Fica aquela estranha sensação sempre que seu personagem, Eric Draven, leva um tiro. Sabemos que um deles o matou realmente. Porém, a exemplo do que acontece na trama do filme, ver ou rever O Corvo traz de volta Brandon Lee ao mundo dos vivos.