No dicionário, o significado de “nó” é frio e diz ser um método de apertar ou segurar um material linear com uma corda por amarração e entrelaçamento. Em relação ao filme Nó, estreia na direção de longas de Laís Melo, mineira radicada em Curitiba, o sentido deste substantivo vai no caminho oposto. É quente e espiritual simbolizando conexão, união, proteção e transformação. A imagem que ilustra esta resenha é emblemática e bastante fiel à proposta da diretora. O roteiro, escrito pela própria Laís, ao lado da atriz Patrícia Saravy, gira em torno de Glória (Saravy), uma mulher que enfrenta um divórcio complicado e acabou de se mudar para um apartamento no cento junto com as três filhas. A difícil rotina não lhe tira a esperança de uma vida melhor, apesar das ameaças do ex-marido, das dificuldades financeiras e da disputa por uma promoção na fábrica onde trabalha. O olhar de Nó é feminino e não apenas em razão do elenco e da equipe técnica, compostos predominantemente por mulheres. Mas o filme supera a barreira de gênero e se revela, antes de tudo, essencialmente humano. Laís Melo, que vinha da direção de dois curtas, Tentei e Me Deixei Ali, e de ter trabalhado como diretora assistente de Aly Muritiba em Deserto Particular, demonstra segurança na condução da narrativa. E ainda dispõe de atrizes em perfeita harmonia, auxiliadas pela expressiva e calorosa fotografia de Renata Corrêa. Tudo isso junto faz de Nó um filme maduro e que traz para o debate questões pertinentes do cotidiano de inúmeras famílias que têm a mãe como principal provedora, tanto de sustento quanto de afeto. E aborda esse fato de forma adulta, sem maniqueísmos. Em tempo: Nó saiu vencedor de três importantes Kikitos na edição de 2025 do Festival de Cinema de Gramado: melhor direção e fotografia, além do prêmio do júri da crítica.
NÓ (Brasil 2025). Direção: Laís Melo. Elenco: Patrícia Saravy, Fernanda Silva, Sali Cimi, Antonia Saravy, Clarice Carvalho e Cassia Damasceno. Duração: 91 minutos. Distribuição: Elo Studios.







