A extraordinária história de Napoleão Bonaparte, que foi imperador da França por pouco mais de dez anos, no início do século XIX, rendeu inúmeros filmes e programas de TV. Entre eles, o clássico de 1927, dirigido por Abel Gance, além daquele nunca feito por Stanley Kubrick e que Steven Spielberg vem planejando transformar em minissérie da HBO desde 2013. Temos agora este Napoleão, de Ridley Scott, com roteiro escrito por David Scarpa, que já havia trabalhado com o diretor em Todo o Dinheiro de Mundo, de 2017. À frente do elenco, Joaquin Phoenix no papel-título e Vanessa Kirby no de sua amada Josephine. Talvez até fosse mais apropriado que o filme se chamasse Napoleão e Josephine, uma vez que uma das inspirações é o conjunto de cartas trocados pelo casal. É possível dizer, pelo que o filme de Scott defende, se tratar de uma história de amor doentia e carregada de obsessão. Especialmente da parte dele. Mas esse não é o foco aqui. A trajetória de Bonaparte é riquíssima e demandaria uma análise maior e mais profunda para caber em um único filme. Mesmo que ele tenha 158 minutos. Scott promete uma versão de quatro horas quando do lançamento na Apple TV. Seja como for, Napoleão “abraça” um longo e rico período da vida do gênio militar da estratégia que se tornou imperador, porém, trata tudo de maneira superficial. Há muitos momentos que mereciam uma abordagem mais detalhada e passam rápido, não permitindo um envolvimento e um entendimento melhor do todo e, principalmente, das motivações das personagens centrais. O filme não se decide entre ser épico ou intimista. E essa indefinição se revela bastante prejudicial.

NAPOLEÃO (Napoleon – EUA/Inglaterra 2023). Direção: Ridley Scott. Elenco: Joaquin Phoenix, Vanessa Kirby, Tahar Rahim, Rupert Everett, Mark Bonnar, Paul Rhys, Ben Miles, Ian McNeice e Riana Duce. Duração: 158 minutos. Distribuição: Sony/Apple TV+.