Muito Além do Jardim é baseado no livro O Videota, do polonês Jerzy Kosinski, que também escreveu o roteiro do filme. Conta a história do jardineiro Chance (Peter Sellers), que passou a vida isolado de tudo ao seu redor cuidando apenas de seu jardim. Ele não sabe ler ou escrever e conhece o mundo apenas através da televisão. Todo o seu conhecimento se resume ao cultivo das plantas e ao que viu na TV. Por uma série de circunstâncias ele se torna conselheiro do presidente dos Estados Unidos e de alguns poderosos que ficam maravilhados com sua imensa e profunda sabedoria. Muito Além do Jardim foi realizado em 1979, mas continua bastante atual. O diretor Hal Ashby conduz a trama com grande habilidade e critica de maneira sutil e inteligente uma sociedade fascinada por celebridades e vazia de conteúdo. Além do excelente roteiro e da direção inspirada, o filme não seria o mesmo sem o elenco de atores que foi escalado. Em especial Peter Sellers, em seu último trabalho (ele veio a falecer poucos meses depois do lançamento). A maneira como ele compôs a personagem Chance é primorosa. Sellers, que sempre foi um ator mais “físico”, imprimiu ao jardineiro um comportamento mais contido, tímido, desligado e de olhar distante. Impossível imaginar outro ator nesse papel. Muito Além do Jardim é corrosivo, contundente e resistiu bem ao teste do tempo. Como diria Chance: “eu gosto de ver”.
MUITO ALÉM DO JARDIM (Being There – EUA 1979). Direção: Hal Ashby. Elenco: Peter Sellers, Shirley MacLaine, Jack Warden, Melvyn Douglas e Richard Basehart. Duração: 130 minutos. Distribuição: Warner.
Respostas de 3
Oi, Marden! Gosto muito de Muito Além do Jardim; fiquei até com vontade de revê-lo, graças ao seu resumo eficiente.
Abraço.
E ainda conta com uma pérola: durante os créditos finais, há um erro de gravação. Sellers tenta dar um texto em determinada cena – e tem um acesso de riso. Inúmeras vezes, inúmeros takes, e simplesmente toda a equipe se envolve no calor do momento, caindo na risada, ficando impossível continuar. Detalhe: esse texto do personagem acabou não entrando no filme. Bela despedida de Sellers, que ainda faz falta no cinema atual.
Outro dia ia escrever a respeito deste filme. O que me chamou a atenção pode até divergir do que foi comentado por você Marden, mas, nada diminui a grandeza do filme. O filme é maravilhoso.
É só engraçado como cada um pode ver a mesma história.
Eu já ia falar de quanto os empregados domésticos são mal remunerados, e que são peças raras na atualidade.
Um bom mordomo é causa de briga na hora da partilha dos bens na hora do divórcio de um casal, por exemplo.
Mas, você Marden bem que me lembrou de que o assunto aqui é outro – concordo. Apenas divaguei, “um pouquinho”…