Em 2019, o cineasta sul-coreano Bong Joon Ho conquistou o mundo e inúmeros prêmios com o sucesso de Parasita. Inclusive se tornou a primeira obra a ganhar o Oscar de melhor filme sem ser falado em inglês. Seis anos depois e após muita expectativa temos seu trabalho seguinte finalmente pronto: Mickey 17. O roteiro, do próprio diretor, é uma adaptação do romance Mickey 7, de Edward Ashton. A ação se passa em futuro não muito distante onde o bilionário Kenneth Edwards (Mark Ruffalo) e sua esposa Ylfa (Toni Collette) planejam colonizar o planeta Niflheim. Para tanto, fora da Terra, a dupla pode contratar um “descartável” para tarefas de alto risco. Mickey Barnes (Robert Pattinson) assume essa função. Os filmes de Bong Joon Ho costumam tratar de questões sociais e luta de classes. Mickey 17, de certa forma, sintetiza elementos recorrentes em sua filmografia. E Niflheim é um microcosmo dessas características tão marcantes na obra desse singular e criativo cineasta. Mas Joon Ho, por mais genial que seja, é aquele tipo de artista que sempre funciona melhor em seu idioma natal, ou melhor dizendo, quando tem a liberdade que precisa para contar suas histórias. Não acredito que ele tenha realizado Mickey 17 exatamente como planejou. Mas isso não significa se tratar de um filme ruim ou confuso. Pelo contrário. Ele é coeso e apresenta boas soluções, tanto visuais quanto de roteiro. A impressora 3D é um achado, assim como a figura do bilionário, um amálgama de Donald Trump e Elon Musk. Além disso, há uma saudável e insana mistura entre comédia, drama e ação. Às vezes com esses três gêneros coexistindo na mesma cena. Sem contar o apetite sexual de Mickey e de Nasha (Naomi Ackie) que resulta em sequências muito engraçadas. Em tempo: Apesar de o título do livro ser Mickey 7, Joon Ho decidiu aumentar esse número para ter dez mortes a mais. Cá entre nós, uma decisão acertada e que gera bons momentos.
MICKEY 17 (EUA 2025). Direção: Bong Joon Ho. Elenco: Robert Pattinson, Naomi Ackie, Steven Yeun, Toni Collette, Mark Ruffalo, Anamaria Vartolomei e Daniel Henshall. Duração: 137 minutos. Distribuição: Warner.