O filme, inspirado em uma das séries mais populares do anos 1980, Miami Vice, consegue a difícil proeza de respeitar o material original sem ser igual a ele, ao mesmo tempo em que expande o conceito básico da série e o amplia para uma escala de constante superação. É sempre assombroso e deslumbrante assistir a um filme em que é visível a presença de uma mente pensante por trás de tudo. O roteirista/produtor/diretor Michael Mann é essa mente. Mann não criou a série. Era produtor executivo e dirigiu vários episódios, porém, foi ele quem formatou tudo e deu identidade ao seriado. Perfeccionista, Mann não nos poupa em nenhum momento de seu estilo preciso, seco, tenso e arrojado. Esqueça as roupas, hoje ultrapassadas, da dupla de policiais. Esqueça o sol de Miami. O filme Miami Vice é mais noturno que diurno. É mais sombra que luz. É mais globalizado. Miami aparece pouco, apesar de ser o centro de tudo. Brasil, Paraguai, Colômbia, Cuba e Haiti são alguns dos cenários de uma trama que é complexa, mas não complicada de se acompanhar. Michael Mann, como é comum em seus filmes, não perde tempo com apresentações e prólogos. Quando o filme começa, parece que ele já está na metade, pois temos a sensação de pegarmos a história andando. Miami Vice prende a atenção do espectador integralmente, não derrapa no lugar comum das lições de moral, não se deixa levar pelo clichê maniqueísta de mocinho e bandido e ainda oferece dois bônus especiais: a sempre bela presença da atriz chinesa Gong Li e a fantástica fotografia noturna capturada por câmeras digitais de alta precisão, que garantem um espetáculo que transcende a realidade.
MIAMI VICE (Miami Vice – EUA 2006). Direção: Michael Mann. Elenco: Colin Farrell, Jamie Foxx, Gong Li, Naomie Harris, Ciarán Hinds, Justin Theroux, Barry Shabaka Henley, John Ortiz, Elizabeth Rodriguez e Domenick Lombardozzi. Duração: 132 minutos. Distribuição: Universal.