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CINEMARDEN VAI AO OSCAR

MEDIANERAS

Dizer que o cinema argentino contemporâneo é bem melhor que o nosso já é quase um clichê. Medianeras é apenas mais uma prova da superioridade cinematográfica de nossos hermanos. Escrito e dirigido pelo estreante em longas Gustavo Taretto, o filme expande o tema de um curta-metragem de mesmo nome que ele havia realizado em 2005. Acompanhamos aqui a história de Martin (Javier Drolas) e Mariana (Pilar López de Ayala), dois solitários que moram na avenida Santa Fé, em Buenos Aires, e são vizinhos de prédio. Ele trabalha desenhando sites de internet e ela é uma arquiteta que vive de decorar vitrines. Ambos saídos de relacionamentos que não deram certo e tentando se achar. Curiosamente, eles, que vivem tão perto um do outro, estão também bem distantes por conta de pequenos desencontros. Medianeras aborda uma gama imensa de temas ao mesmo tempo. Um filme cheio de camadas, daqueles que a cada nova visita descobrimos algo que não havíamos percebido na vez anterior. Mérito do excelente e criativo roteiro de Taretto, que mistura um sem números de referências visuais, sonoras e literárias para compor um mosaico complexo da vida moderna. A analogia com o livro-jogo Onde Está Wally? não é gratuita. As vidas de Martin e Mariana giram em torno de cada um encontrar seu “Wally”, sua cara-metade, que está perdido no meio da multidão. E o filme deixa claro desde o começo que os dois se completam. A única coisa que falta é eles se encontrarem no mundo real. E o dia-a-dia deles ao longo de cerca de um ano é muito bem construído e nos envolve e comove por completo, sem pieguices ou apelos fáceis. Uma curiosidade: o escritor Alan Pauls, autor do livro O Passado, que virou filme dirigido por Hector Babenco, faz uma ponta como o ex-namorado de Mariana.   
MEDIANERAS (Argentina 2010). Direção: Gustavo Taretto. Elenco: Javier Drolas, Pilar López de Ayala, Inés Efron, Carla Peterson, Adrián Navarro, Romina Paula, Rafael Ferro, Jorge Lanata e Alan Pauls. Duração: 95 minutos. Distribuição: Imovision.

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Uma resposta

  1. O cinema argentino tem autoria, diferente das produções “engessadas” sul-sudeste brasileiras. Em nosso país, comparação com nossos hermanos apenas na cinematografia nordestina: Karim Aïnouz, Marcelo Gomes, Cláudio Assis e Alexandre Veras, por exemplo.

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