O cineasta britânico Ken Russell iniciou sua carreira em meados da década de 1950 dirigindo curtas. Depois, começou a trabalhar na televisão, onde realizou documentários, telefilmes e outros curtas. A estreia no cinema ocorreu em 1967, com o filme O Cérebro de Um Milhão de Dólares. Dono de um estilo que transita entre o exagero e a originalidade, Russell sempre foi um artista polêmico. E não foi diferente quando ele escreveu e dirigiu Mahler, em 1974. À primeira vista, pode parecer se tratar de uma cinebiografia do compositor Gustav Mahler. Não é o caso aqui. Russell “interpreta” a vida de Mahler à sua maneira e utiliza a obra do músico para ilustrar sua visão. Tudo acontece durante uma viagem de trem. Mahler (Robert Powell), ao lado de sua esposa Alma (Georgina Hale), discutem os motivos do fracasso do casamento deles. Isso traz à tona lembranças que servem de fio condutor para a narrativa. Mahler é aquele tipo de filme para ser visto com atenção. As imagens criadas pelo diretor “grudam” em nossa retina. E permanecem conosco por muito tempo. Na sequencia, Russell dirigiu outros dois filmes de temática musical: Tommy, versão cinematográfica da ópera rock do The Who, e Lisztomania. Uma curiosidade: o ator Michael Powell, três anos depois, faria seu papel mais famoso, o de Jesus Cristo, na minissérie Jesus de Nazaré, dirigida por Franco Zefirelli.
MAHLER (Mahler – Inglaterra 1974). Direção: Ken Russell. Elenco: Robert Powell, Georgina Hale, Lee Montague, Rosalie Crutchley, Gary Rich e Richard Morant. Duração: 115 minutos. Distribuição: Lume.