A cineasta e multiartista Paula Gaitán nasce na França, se criou na Colômbia, onde se formou em Artes Visuais e Filosofia. Em 1977 se mudou para o Brasil e já no ano seguinte fez a direção de arte do filme A Idade da Terra, de Glauber Rocha. Luz nos Trópicos, realizado em 2020, talvez seja sua obra mais ousada e ambiciosa. A diretora e roteirista levou mais de 15 anos para finalizá-lo, já que o primeiro esboço do roteiro data de 2003. Inicialmente, seria um filme ligado à fotografia. Mas, aos poucos, foi se transformando em algo mais abrangente até se tornar uma experiência sensorial e contemplativa. A estrutura narrativa que nos é proposta mistura histórias e linhas do tempo de comunidades indígenas, cadernos de viagem e literatura antropológica. Tudo começa quando Igor (Begê Muniz), nascido no exterior, decide voltar para a terra de seus ancestrais, a tribo indígena Kuikuro, onde seu avô nasceu. A partir daí, acompanhamos também a jornada do português Hercule (Carloto Cotta). A trajetória de ambos acabam se cruzando, apesar de viverem em épocas diferentes. Luz nos Trópicos é aquele tipo de filme que exige um mergulho (sem trocadilho com os muitos rios vistos). A proposta de Gaitán é prestar um tributo à exuberância natural das Américas e seus povos originários. E para atingir seu objetivo ela exige do espectador tanto quanto deve ter exigido dela própria ao concebê-lo. Em tempo: Paula Gaitán foi casada com Glauber e é mãe de Ava e Eryk Rocha, ambos cineastas.
LUZ NOS TRÓPICOS (Brasil 2020). Direção: Paula Gaitán. Elenco: Begê Muniz, Carloto Cotta, Clara Choveaux, Vincenzo Amato, Maíra Senise e Arrigo Barnabé. Duração: 259 minutos. Distribuição: Descoloniza Filmes.