O que acontece com a realidade quando ela é projetada e exibida? Esta pergunta está na essência de Loucos por Cinema!, mistura de drama autobiográfico com filme-ensaio experimental. Trata-se, com perdão do clichê, de uma declaração de amor à sétima arte. O cineasta francês Arnaud Desplechin nos apresenta aqui a figura de Paul Dédalus, seu alterego, vivido por diferentes atores ao longo dos capítulos do filme. Da infância à idade adulta vemos como ele cresce e se relaciona com as imagens em movimento em obras de cineastas fundamentais como Bergman, Coppola, Hitchcock, Scorsese, Truffaut e muitos outros. Mas não é só isso. Há também a proposição de um debate histórico-filosófico envolvendo a memória afetiva das pessoas em questões como “onde costumo sentar na sala de exibição?”, ou “qual foi o primeiro filme que vi?”, ou ainda as emoções que os filmes despertam, tipo “já chorei no cinema?”. Tudo está relacionado com a magia de uma arte muito nova que nasceu no final do século XIX, na França, em decorrência de uma série de experimentos anteriores realizados em diversas partes do mundo. De maneira íntima e poética, Desplechin expõe, com muita honestidade, o quão importante os filmes foram em sua formação como pessoa e artista. Em um dos depoimentos, uma senhora diz que “o cinema nos ajuda a viver melhor”. Afirmação com a qual eu concordo integralmente.
LOUCOS POR CINEMA! (Spectateurs! – França 2025). Direção: Arnaud Desplechin. Elenco: Mathieu Amalric, Salif Cissé, Lucie Borleteau, Anne-Valérie Payet, Kent Jones, Françoise Lebrun e Milo Machado-Graner. Duração: 88 minutos. Distribuição: Filmes do Estação.