O cineasta gaúcho Jorge Furtado já tinha uma carreira consolidada como roteirista e diretor de curtas. O principal trabalho até aquele momento era o premiado curta-metragem Ilha das Flores. Sua estreia como diretor de longas acontece com Houve Uma Vez Dois Verões, produzido em 2002, com baixíssimo custo. Prova de que não é preciso muito dinheiro para se realizar um bom filme. Trata-se de uma história de amor. Um romance de verão, ou melhor, dois verões como o título já entrega. A referência imediata que vem à mente é o drama romântico de Robert Mulligan, Houve Uma Vez Um Verão (Summer of ’42), de 1971. Mas a referência, na verdade, só existe por causa do título. Na prática, os dois filmes são bem diferentes. O filme de Furtado conta uma história de amor adolescente de maneira honesta e retratando os jovens sem caricaturas. Chico e Roza (com “z” mesmo), se conhecem, se envolvem e vivem pequenas reviravoltas em suas vidas. Não é por acaso que Jorge Furtado é um dos melhores roteiristas de cinema e televisão do Brasil. A estrutura narrativa do filme é muito bem armada. Preste atenção nas três viradas de rumo que a história sofre. Todas elas causadas pela mesma frase dita por Roza. Houve Uma Vez Dois Verões não teve o público que merecia nos cinemas. Faça sua parte. Descubra essa joia.
HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES (Brasil 2002). Direção: Jorge Furtado. Elenco: André Arteche, Ana Maria Mainieri e Pedro Furtado. Duração: 75 minutos. Distribuição: Columbia.
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Vale dizer sobre “Houve Uma Vez…” que se trata também de um experimento audiovisual, já que o suporte é vídeo (HD-Cam), e não película – diferente do seu filme seguinte, “O Homem que Copiava”, rodado em 35 mm. O suporte video o permitiu rodar muito, sem custos adicionais, de onde ele conseguiu “momentos” nos trechos road-movie que seriam muito difíceis de se registrar espontaneamente em película, devido ao altíssimo custo. Mérito pra ele, que da limitação aproveitou a oportunidade.
Quando falam em filmes nacionais, alguns torcem o nariz. Gostei do filme “Houve Uma Vez Dois Verões” por ser inteligente e divertido.
Eu recomendo que assitam filmes bem feitos – nacionais ou não. E o filme comentado, sem dúvida, está na categoria que posso recomendar.
Também assisti o “Ilha das Flores” e amei – por ser forte e verdadeiro. Beijocas