O francês Alain Resnais é reconhecido mundialmente como o “cineasta da ficção-poética”. Ele, que começou a carreira em meados dos anos 1940, dirigindo curtas e documentários, estreou em longas com este Hiroshima Meu Amor, em 1959. O projeto original era para um documentário sobre a bomba atômica lançada sobre a cidade japonesa. No meio do caminho, Resnais decidiu incluir elementos ficcionais escritos por Marguerite Duras, a partir de suas próprias crônicas. Na trama, que se passa no ano de 1957, uma atriz francesa (Emmanuelle Riva) está em Hiroshima participando de um filme sobre a paz. Ela então conhece um arquiteto japonês (Eiji Okada), com quem passa a noite. Tudo isso faz ela se lembrar de sua juventude no interior da França, durante a Segunda Guerra Mundial, período em que foi perseguida e se apaixonou por um soldado alemão (Bernard Fresson). Considerado, ao lado de Os Incompreendidos (de François Truffaut), e Acossado (de Jean-Luc Godard), um dos marcos da Nouvelle Vague, temos aqui uma obra que, inicialmente parece de difícil compreensão. Resnais realmente não “pega leve”. Suas imagens são belas e impactantes, reforçadas ainda mais pelos tons de cinza imprimidos pelo fotógrafo Sacha Vierny. A narrativa fragmentada e seus simbolismos transformam poesia em imagens e fazem de Hiroshima Meu Amor um dos mais importantes e influentes libelos anti-guerra da história do cinema.
HIROSHIMA MEU AMOR (Hiroshima Mon Amour – França/Japão 1959). Direção: Alain Resnais. Elenco: Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Pierre Barbaud, Stella Dassas e Bernard Fresson. Duração: 90 minutos. Distribuição: Versátil.
Uma resposta
O filme é poesia em seu estado natural. E percebemos isso em um cenário de guerra.