Em quase três décadas de carreira o italiano Matteo Garrone se tornou um dos maiores cineastas de sua geração. Colecionador de polêmicas, especialmente quando lançou, em 2008, o impactante Gomorra. 15 anos depois ele chama a atenção outra vez com este Eu, Capitão, escrito em parceria com Massimo Ceccherini, Andrea Tagliaferri e Massimo Gaudioso, a partir da colaboração de outras sete pessoas que vivenciaram a experiência mostrada no filme. Somos apresentados aos primos Seydou (Seydou Sarr) e Moussa (Moustapha Fall). Eles são senegaleses e sonham com uma vida melhor na Europa. Para tanto, vão embora de Dakar e enfrentam perigos ao atravessar o deserto, depois numa prisão na Líbia e por fim a travessia do Mediterrâneo em direção à Itália. Seydou e Moussa são garotos na faixa dos 16 anos que sonham com um ideal europeu e sofrem nas mãos de “seres humanos” que só “querem ajudar”, ou melhor, tirar proveito daquela triste situação de milhares de africanas e africanos que buscam algo que deveria ser comum à todas e todos: igualdade e dignidade. Garrone não se intimida, toca fundo na ferida da imigração e nos traz em Eu, Capitão um relato cruel dessa realidade. Em tempo: Indicado ao Oscar 2024 na categoria de melhor filme internacional.
EU, CAPITÃO (Io Capitano – Itália 2023). Direção: Matteo Garrone. Elenco: Seydou Sarr, Mostapha Fall, Issaka Sawadogo, Bamar Kane, Afif Ben Badra, Hichem Yacoubi, Oumar Diaw e Mariam Kaba. Duração: 122 minutos. Distribuição: Pandora Filmes.
