O espanhol Pedro Almodóvar já havia realizado um média-metragem, A Voz Humana, em 2020. Três anos depois, ele apresenta Estranha Forma de Vida, que assim como o anterior, tem apenas 30 minutos. O roteiro do próprio diretor gira em torno de Silva (Pedro Pascal) e Jake (Ethan Hawke). Trata-se de um faroeste carregado de cores quentes, visivelmente inspirado em Johnny Guitar, de 1954, dirigido por Nicholas Ray. Outra inspiração é a Trilogia dos Dólares, de Sergio Leone. Inclusive foi filmado na mesma locação, em Almería, no sul da Espanha. Silva e Jake não se veem há 25 anos e dividem um segredo íntimo do passado. O reencontro traz tudo à tona. Porém, existe algo que não se revela de imediato e que permite ao cineasta trabalhar a manifestação do desejo com sua costumeira genialidade. O título vem de um fado da grande cantora portuguesa Amália Rodrigues, belissimamente cantado no início do filme na voz de Caetano Veloso, dublada por Manu Ríos. Essa canção dá o tom agridoce do que veremos na sequência. E Almodóvar, profundo conhecedor de cinema e de melodramas, simplesmente não decepciona. Quando da estreia mundial de Estranha Forma de Vida no Festival de Cannes de 2023 perguntaram a ele o porquê de tão curta duração. Ele disse, com razão, que a história não precisava de mais tempo. Não precisa mesmo.
ESTRANHA FORMA DE VIDA (Extraña Forma de Vida – Espanha/França 2023). Direção: Pedro Almodóvar. Elenco: Pedro Pascal, Ethan Hawke, Manu Ríos, José Condessa, Sara Sálamo, Jason Fernández e George Steane. Duração: 31 minutos. Distribuição: O2 Play/MUBI.
