O americano Charlie Kaufman estreou como roteirista de televisão em 1991. Já a estreia no cinema veio oito anos depois, com o roteiro de Quero Ser John Malkovich, de Spike Jonze. A partir daí, Kaufman firmou seu nome e estilo bem original em uma indústria marcada pela mesmice. Após ganhar o Oscar pelo roteiro original de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, dirigido por Michel Gondry, em 2005, o escritor decidiu se aventurar na direção de longas e realizou, em 2008, Sinédoque, Nova York; e em 2015 fez a animação Anomalisa. Cinco anos mais tarde foi a vez Estou Pensando em Acabar com Tudo, seu terceiro filme como diretor. O roteiro, dele próprio, tem por base o livro de mesmo nome escrito por Iain Reid. Tudo começa quando uma jovem (Jessie Buckley) viaja com seu namorado (Jesse Plemons) para visitar a fazenda dos pais dele (David Thewlis e Toni Collette). É estabelecido um clima de suspense crescente, quase surreal, que se alimenta de pequenos detalhes que requerem atenção redobrada de nossa parte. Tudo permeado por um forte sentimento de solidão, fragilidade e culpa. Diferente de seus trabalhos anteriores, seja como diretor ou apenas roteirista, Estou Pensando em Acabar com Tudo, apesar da aparência complexa, talvez seja o trabalho mais acessível de Charlie Kaufman.
ESTOU PENSANDO EM ACABAR COM TUDO (I’m Thinking of Ending Things – EUA 2020). Direção: Charlie Kaufman. Elenco: Jesse Plemons, Jessie Buckley, David Thewlis, Toni Collette, Guy Boyd, Colby Minifie e Jason Ralph. Duração: 134 minutos. Distribuição: Netflix.
